Acessibilidade / Reportar erro

Limiares auditivos em músicos militares: convencionais e altas frequências

Auditory thresholds among military musicians: conventional and high frequency

Resumos

OBJETIVO: Analisar e caracterizar os limiares auditivos tonais entre 500 Hz e 16.000 Hz de músicos profissionais, integrantes de uma banda militar. MÉTODOS: Realizou-se um estudo de coorte histórico, que comparou um grupo de 50 músicos profissionais (banda militar) com um grupo sem histórico de exposição profissional a som intenso (44 sujeitos); e homogêneos (p<0,05) em relação ao gênero (masculino) e à idade (em torno de 35 anos). Foram realizados exames de audiometria tonal limiar convencional e de altas frequências (de 9.000 a 16.000 Hz). RESULTADOS: A exposição à música desencadeou alterações auditivas permanentes. Quanto aos limiares auditivos convencionais, no grupo exposto encontrou-se 32% dos músicos com alterações auditivas neurossensoriais e no grupo não exposto encontrou-se 2,27%. Os sujeitos expostos à música tiveram 14,54 vezes mais risco de adquirir alterações auditivas neurossensoriais do que o grupo não exposto. Após 20 anos de exposição à música foram observadas pioras significativas nos limiares auditivos, principalmente nas altas frequências, e ocorreram diferenças entre os grupos a partir de 30 anos de idade. CONCLUSÃO: A exposição à música desencadeou alterações auditivas permanentes, evidenciando diferenças em relação ao grupo não exposto à música, registradas na avaliação audiológica convencional e em altas frequências.

Perda auditiva; Música; Limiar auditivo; Audiometria; Saúde do trabalhador


PURPOSE: To analyze and characterize tonal auditory thresholds between 500 Hz and 16,000 Hz of professional musicians, specifically members of a military band. METHODS: A historic cohort study was carried out comparing one group of 50 professional musicians (military band) with another group (44 subjects) without history of professional exposure to intense sound; the groups were homogenous (p<0.05%) in relation to gender (male) and age (about 35 years old). Tone threshold audiometry for conventional (from 500 to 8,000 Hz) and high frequencies was applied (from 9,000 to 16,000 Hz). RESULTS: Exposure to music triggered permanent hearing impairment. As to conventional auditory thresholds, the exposed and non-exposed groups presented sensorineural hearing loss of 32 and 2.27%, respectively. The subjects exposed to music had 14.54 times more risks of acquiring sensorineural hearing loss than the non-exposed group. After 20 years of exposure to music, significant worsening was observed in auditory thresholds, especially at extended high frequencies, and differences occurred between the groups from the age of 30 on. CONCLUSION: Exposure to music caused permanent hearing impairment, showing differences in relation to the non-exposed group, registered in conventional audiometry and at high-frequency audiometry.

Hearing loss; Music; Auditory threshold; Audiometry; Occupational health


  • 1
    Bride D, Gill F, Proops D, Harrington M, Gardiner K, Attwell C. Noise and the classical musician. BMJ. 1992;305(6868):1561-3.
  • 2
    Nataletti P, Sisto R, Pieroni A, Sanjus F, Annesi D. Pilot study of professional exposure and hearing functionality of orchestra musicians of a national lyric theatre. G Ital Med Lav Ergon. 2007;29(3 Suppl):496-8.
  • 3
    Emmerich E, Rudel L, Richter F. Is the audiologic status of professional musicians a reflection of the noise exposure in classical orchestral music? Eur Arch Otorhinolaryngol. 2008;265(7):753-8.
  • 4
    Royster JD, Royster LH, Killion MC. Sound exposures and hearing thresholds of symphony orchestra musicians. J Acoust Soc Am. 1991;89:2793-803.
  • 5
    Sataloff RT. Hearing loss in musicians. Am J Otol. 1991Mar;12(2):122-7.
  • 6
    Hellstrom PA, Axelsson A, Costa O. Temporary threshold shift induced by music. Scan Audiol Suppl. 1998;48:87-94.
  • 7
    Mendes MH, Morata TC, Marques JM. Acceptance of hearing protection aids in members of an instrumental and voice music band. Rev Bras Otorrinolaringol. 2007;73(6):785-92.
  • 8
    Santos L, Morata TC, Jacob LC, Albizu E, Marques JM, Paini M.. Music exposure and audiological findings in Brazilian disc jockeys (DJs). Int J Audiol. 2007;46(5):223-31.
  • 9
    Jansen EJ, Helleman HW, Dreschler WA, de Laat JA. Noise induced hearing loss and other hearing complaints among musicians of symphony orchestras. Int Arch Occup Environ Health. 2009Jan;82(2):153-64.
  • 10
    Goncalves CGO, Lacerda ABM, Zocoli AMF, Oliva FC, Almeida SB, Iantas MR. Percepção e o impacto da música na audição de integrantes de banda militar. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(4):515-20.
  • 11
    Dieroff HG, Schuhmann G, Meissner W, Barstsch R. Experiences with high-frequency hearing tests in the selection of personnel for noise occupations. Laryngorhinootologie. 1991;70:594-8.
  • 12
    Arnold DJ, Lonsbury-Martin BL, Martin GK. High-frequency hearing influences lower-frequency distortion-product otoacoustic emissions. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 1999;125(2):215-22.
  • 13
    Sahyeb DR, Costa Filho AO, Alvarenga KF. Audimetria de alta frequência: estudo com indivíduos audiologicamente normais. Rev Bras Otorrinolaringol. 2003;69(1):93-9.
  • 14
    Zeigelboim BS, Mangabeira-Albernaz PL, Fukuda Y. High frequency audiometry and chronic renal failure. Acta Otolaryngol. 2001;121(2):245-8.
  • 15
    Lopes AC, Otubo KA, Basso TC, Innocenti EJ, Marinelli JR, Pereira L. Perda auditiva ocupacional: audiometria tonal X audiometria de altas frequências. Arquivos Int. Otorrinolaringol. 2009;13(3):631-7.
  • 16
    Hoffman JS, Cunningham DR, Lorenz DJ. Auditory Thresholds and factors contributing to hearing loss in a large sample of percussionists. MPPA. 2006;21(2):47-47.
  • 17
    Phillips SL, Henrich VC, Mace ST. Prevalence of noise-induced hearing loss in student musicians. Int J Audiol. 2010;49(4):309-16.
  • 18
    Kaharit KR, Axelsson A, Hellstrom PA, Zachau G. Hearing assesment of classical orchestral musicians. Scand Audiol. 2001;30(1):13-23.
  • 19
    Morais D, Benito JL, Almaraz A. Acoustic trauma in classical music players. Acta Otorrinolaringol Esp. 2007;58(9):401-7.
  • 20
    Korres GS, Balatsouras DG, Tzagaroulakis A, Kandiloros D, Ferekidis E. Extende high-frequency audiometry in subjects exposed to occupational noise. B-ENT. 2008;4(3):147-55.
  • 21
    Zeigelboim BS, Oliveira VFBG, Marques JM, Jurkievicz AL. Limiares de audibilidade nas altas frequências em indivíduos de 20 a 30 anos com audição normal. Distúrb Comun. 2004;16(3):385-92.
  • 22
    Martinho T, Zeigelboim BS, Marques JM. Perfil Audiológico nas altas frequências em indivíduos de 30 a 40 anos com audição normal. Int. Arch. Otorrinolaringol. 2005;9(1):18-25.
  • 23
    Ahmed HO, Dennis JH, Badrant O, Ismail M, Ballal SG, Ashoor A, et al. High-frequency (10 – 18kHz) hearing thresholds: reliability and effects of age and occupacional noise exposure. Occup Med (Lond). 2001;51(4):245-58.
  • 24
    Fernandes JB, Mota HB. Estudo dos limiares de audibilidade nas altas frequências em trabalhadores expostos a ruído e solvente. Pro Fono. 2001;13(1):1-8.
  • 25
    Amorim RB, Lopes AC, Santos KTP, Melo ADP, Lauris JRP. Alterações auditivas da exposição ocupacional em músicos. Arquivos Int. Otorrinolaringol. 2008;12(3):377-83.
  • 26
    Hallmo P, Borchgevink HM, Mair IWS. Extended high-frequency thresholds in noise-induced hearing loss. Scand Audiol. 1995;24(1):47-52.
  • 27
    Castro IFC, Conde AC, Paiva AQF, Oliveira LTN, Bernardi APA. Estudo do perfil audiométrico em altas frequências em trabalhadores expostos ao ruído. Rev CEFAC. 2004;6(2):203-8.
  • 28
    Porto MAA, Gahyva DLC, Lauris JRC, Lopes AC. Avaliação da audição em frequências ultra-altas em indivíduos expostos ao ruído ocupacional. Pro Fono. 2004;16(3):237-50.
  • 29
    Somma G, Coppeta L, Magrini A, Parrella M, Cappelletti MC, Gardi S. Extended high frequency audiometry in the prevention of noise-induced hearing loss. G Ital Med Lav Ergon. 2007;29(suppl. 3):258-60.
  • 30
    Schochat E, Rabelo CM, Sanfins MD. Processamento auditivo central: testes tonais de padrão de frequência e duração em indivíduos normais de 7 a 16 anos de idade. Pro Fono. 2000;12(2):1-7.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jun 2015
  • Data do Fascículo
    2013

Histórico

  • Recebido
    24 Nov 2011
  • Aceito
    15 Out 2012
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia Al. Jaú, 684, 7º andar, 01420-002 São Paulo - SP Brasil, Tel./Fax 55 11 - 3873-4211 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@codas.org.br